No primeiro instante seriam ministrados cursos para
capacitação da equipe a se envolver no trabalho. Logo pensei que seria a melhor forma de tentar participar da produção.
Tratei de me inscrever no curso de planejamento de arte, com
o então Diretor de Arte do filme, Sérgio Silveira.
Com pouco tempo de curso já se encontrava totalmente
envolvida na produção de arte. Trabalho fascinante que envolvia pesquisa e
garimpagem minuciosa e complexa pelas peças necessárias para construção das
réplicas do Bispo.
Foram dias e dias, meses e meses, rodando lixões,
ferros-velho, lojas de móveis melhor, feiras de troca, lojas de auto-peças,
lojas de matérias de construção, madeireiras, armarinhos, feiras, fábricas de reciclagem de
papel, lojas de antiguidade, brechós... e assim vai! Essa garimpada me rendeu
muitos momentos com gente de todas as classes socais e idades! Grande
experiência!!!!
As primeiras réplicas prontas ficaram perfeitas, elas nem pareciam
réplicas, isso tudo dava um grande estímulo!!! Rendeu uma linda exposição.
Terminou a fase de oficinas e começa a produção de fato. Tomamos
conta do “Garcia Moreno”, antigo hospital psiquiátrico do Estado que estava
desativado e serviria de base e locação principal dos filmes. Já haviam se
passado uns 4 meses de trabalho.
Bordados com bordadeiras tradicionais e presidiárias, construção
de locação com presidiários em regime semi-aberto, barbantes e tinta azul para
tudo que é lado (quem conhece a obra dele, entende do que falo). Mais uma vez
digo, grandes experiências!!!
Enquanto isso as equipes de direção, trabalhando os atores,
e equipe executiva e operacional, colocando as coisas nos seus lugares e
fazendo tudo acontecer.
A equipe de arte se encorpa e cresce, outra produtora chega
para me juntar ao trabalho.
Já se passam alguns meses de trabalho e a expectativa para
iniciar as filmagens é grande. O cansaço, o stress e a tensão chegam ao lugar.
Nem tudo é só beleza...
Após terminada as filmagens foram três longos anos de espera
e expectativa para ver, finalmente, o trabalho na telona!
Um monte de dúvidas bobas atormentava minha cabeça: o filme
ficará bom? Meu nome sairá nos créditos (mas como não sairia?)? Meu nome estará
escrito corretamente?...
A ansiedade tomou conta do meu ser nos dias que antecederão
a exibição na abertura do Curta-SE 11, meus músculos rígidos e trêmulos com toda
essa tensão.
Quando finalmente chego e encontro já o Flávio Bauraqui ,ator
que faz o Bispo e amigo de longa data, dando seu discurso (emocionante). Logo em
seguida o diretor, Geraldo Mota, com um discurso mais emocionante ainda. Ainda
bem que não coloquei lápis preto nos olhos!!!
Começa o filme e uma sensação inexplicável de ver um pouco
do seu trabalho em tudo que aparecia, em tudo que vestiam, em todas as
locações...
No final, os créditos do filme. Ao ver meu nome citado e
escrito de forma correta: Produção de Arte – Daniella Hinch, meu coração se
acalmou!
E assim fechou-se mais um ciclo na minha vida!!!!
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